Evidente mesmo é a
necessidade de manter-se atento à eficiência na
gestão.
Fazer balanço
sobre o desempenho empresarial em 2012 é exercício complexo que precisa levar em
consideração fatores distintos e nuances de cada setor, para não se chegar a
conclusões distorcidas. Não há uma realidade homogênea. Cada agente econômico
vem sentindo de forma diferente os impactos decorrentes da crise internacional,
as medidas governamentais, a oscilação do mercado consumidor e a concorrência.
Sendo assim, o desempenho individual depende muito do nível de modernização
tecnológica e da versatilidade do empresariado para se adaptar às
circunstâncias, superar barreiras e aproveitar as oportunidades que
surgem.
O momento também
não permite visão segura sobre o que está por vir em 2013. Se fosse possível
sintetizar, poderia se dizer que 2012 finda com PIB a um terço do esperado (caiu
de 4,5% para 1,5%), o que revela o baixo desempenho econômico do país. Mas
parece ter superado o risco de crise profunda, como a iniciada em 2008 nos
países ricos. Há, portanto, fatores para otimismo, devido ao potencial do
mercado interno, como motivos de sobra para apreensão e ceticismo,
principalmente na indústria de transformação, que foi fortemente abalada pelas
importações e pela baixa competitividade de seu parque
fabril.
O ambiente para
pequenas e médias empresas, de serviço e comércio, principalmente, está
favorável, mas não está nada fácil. Devido aos custos operacionais elevados, o
retorno da inflação, à falta de mão de obra e um mercado oscilante, a gestão
precisa ser eficaz, sob o risco de insucesso. Isso significa que os empresários
não devem se iludir com ganho fácil. Precisam se preparar para pedreira, onde
somente os mais capazes sobreviverão. Nada diferente do que sempre aconteceu no
país, só que com um elemento novo: o fator competitividade tem ganhado espaço na
pauta dos executivos e essa questão precisa ter prioridade
máxima.
Se por um lado
houve crescimento imenso do mercado interno na última década, com a entrada de
mais de 40 milhões de brasileiros na base de consumidores ativos de padrão
classe C, o que ampliou sobremaneira a demanda por produtos de primeira
necessidade, como alimentos e vestuários, bem como serviços de saúde e beleza,
essa mudança de base social tornou-se responsável também pela atração de
investimentos externos pesados. Ou seja, as empresas globais, que perderam
mercado na Europa e EUA, estão de olho na América Latina e apostam suas fichas
em países como o Brasil, investindo nos setores de serviços e
comércio.
Com isso, por
aquisições, fusões e incorporações, a convivência entre empresas estrangeiras e
nacionais será cada vez mais estreita, o que pode representar ganhos para ambos.
No plano macro, o movimento é positivo, mas para as pequenas e médias empresas,
que terão de conviver com gigantes acostumadas com a concorrência pesada, o
exercício torna-se bem mais ardiloso, um desafio ao talento e à criatividade.
Certamente será um drama para quem se acomodar em velhos conceitos de
gestão.
A informação
avessa ao otimismo coloca dúvidas sobre quem está se beneficiando de fato com
essa dinâmica, já que o PIB despencou e não tende ser expressivo no ano que
entra. Ou seja, como pode um mercado aquecido gerar um crescimento tão pequeno?
A contradição se explica exatamente pelo fato de o consumo interno estar sendo
suprido em grande parte por produtos importados, em detrimento da produção
nacional. Esse cenário vem revelando distorções assustadoras, como a alta da
inflação, sinal de desequilíbrio entre oferta e procura, um ingrediente péssimo
ao consumidor de baixa renda no médio prazo.
A indústria em
crise
Este foi um ano de
amargar para a indústria de transformação. O governo tomou medidas para tentar
reverter a situação, com abertura de linhas de crédito especiais para
investimentos em logística, derrubou os juros bancários, reduziu tributos, como
o IPI, no caso do setor automotivo e da linha branca, e incentivou a inovação.
Sacou até o velho e desastroso protecionismo para conter a escalada dos
importados. Mas a escassez da demanda no mercado externo, somado ao já
perceptível endividamento das famílias e do empresariado, não colaboram para a
reação, o que deve manter o ambiente instável. Reforçando os fatores
impeditivos, há ainda o incansável Custo Brasil, que não foi sequer tocado em
sua essência nos últimos dez anos, alimentando o ambiente de negócio com o que
há de mais nocivo para o desenvolvimento econômico: burocracia, insegurança
jurídica, falta de mão de obra, gargalos e mais gargalos.
Conclui-se que não
há uma resposta segura sobre o futuro, uma vez que o setor produtivo continua
enfraquecido e entrará 2013 com sérias debilidades. Na ponta do consumo, os
especialistas afirmam categoricamente que seu potencial é muito baixo para
sustentar o crescimento do PIB, o que deve alimentar um cenário econômico
medíocre, mas com o varejo em alta tanto para produtos como para serviços. Por
outro lado, há a esperança de que a economia internacional comece a se recuperar
lentamente, como vem sendo sentido nos EUA, o que provocaria uma nova mudança no
comportamento global.
Entre os prós e
contras, evidente mesmo é a necessidade de o empresariado manter-se fiel à
eficiência na gestão, com apoio da Tecnologia da Informação (TI) e de conceitos
atualizados sobre relacionamento interno de equipe e com o consumidor final. O
ajuste fino será o único caminho para garantir a perpetuação dos negócios,
independente do ritmo da onda nesse mar de incertezas. Vale acreditar que tudo
faz parte de um ciclo, que se encontra em seu ponto de entropia, mas que com o
tempo tende a se abrir expansivamente para os mais habilidosos e obstinados.
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