sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Valor do Panamericano despenca e ações congelam

O rombo de R$ 2,5 bilhões no balanço cortou pela metade o valor de mercado do banco Panamericano e praticamente congelou a cotação de suas ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Assustados com números que desconheciam, os analistas que cobrem a instituição financeira suspenderam suas avaliações até segunda ordem. A recomendação para os investidores é de não mexer nos papéis.

A notícia sobre a perda descoberta pelo Banco Central (BC) foi veiculada no dia 9 de novembro. Até então, as ações do Panamericano já não vinham bem em Bolsa: caíam 34,7%. No dia seguinte, o tombo foi enorme: nova perda de 30%. As quedas fizeram com que o valor do banco caísse de R$ 2,5 bilhões no final de 2009 para apenas R$ 1 bilhão essa semana, redução no valor de 60%.

Depois da sangria do primeiro dia, a cotação praticamente se estabilizou. A ação PN, sem direito a voto e mais líquida, fechou negociada a R$ 4,77 no dia seguinte ao anúncio. Nesta terça-feira valia R$ 4,41, baixa de 7,54%. O volume negociado com os papéis, no entanto, cresceu. Até o dia do anúncio, a média transacionada em 2010 era de R$ 3 milhões. Depois, subiu para R$ 15 milhões.

Esse aumento de volume, segundo analistas que preferiram não ser identificados, pode indicar que as ações estão sendo “defendidas”. Isso quer dizer que algum acionista poderoso, preocupado em garantir que suas aplicações não virem pó, estaria comprando os papéis no mercado para evitar uma derrocada ainda maior.

Em suspenso

Fora dessa briga, a sensação é de suspensão. As corretoras e bancos que cobriam ou acompanhavam os papéis decidiram se calar. São poucos os analistas que se arriscam a fazer comentários sobre um “banco que está sem balanço”, mas de maneira geral a sugestão é que o investidor também espere pelos novos capítulos da novela. Com a confusão, o Panamericano acabou não divulgando o balanço do terceiro trimestre de 2010, e o mercado aguarda com ansiedade os números “reais”.

Aline Cury Zampieri, iG São Paulo | 02/12/2010

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