sábado, 4 de dezembro de 2010

O rombo do Carrefour e o tombo da Deloitte

Rede varejista descobre que as perdas no Brasil podem chegar a R$ 1,2 bilhão. As manobras contábeis duraram cinco anos e passaram em branco pela empresa de auditoria, a mesma que não identificou o buraco no Banco PanAmericano.

Existe uma expressão popular que preconiza “Nada é tão ruim que não possa piorar”. Esse ditado, de certo modo, sintetiza o caso de duas empresas conhecidas dos brasileiros: Carrefour e Deloitte.

Em meados deste ano, a rede varejista, auditada pela Deloitte, anunciou que havia descoberto um rombo de R$ 185 milhões na filial brasileira. Na semana passada, veio a bomba: o prejuízo é na verdade sete vezes maior: R$ 1,2 bilhão.
Gosto amargo: Olofsson, presidente mundial do Carrefour, pretende
intensificar as investigações sobre as causas do prejuízo na filial brasileira

A Deloitte, por sua vez, viu novamente sua credibilidade ser abalada. Há menos de um mês, o Banco Central descobriu um rombo de R$ 2,5 bilhões na contabilidade do Banco PanAmericano, que também era seu cliente.

Mais: de acordo com o jornal britânico Financial Times, Arnold McClellan, ex-sócio da consultoria nos Estados Unidos, teria vazado informações confidenciais sobre fusões planejadas por clientes da consultoria.

Na terça-feira 30, Lars Olofsson, presidente mundial do Carrefour, reuniu os analistas de mercado para falar sobre os desdobramentos, para pior, do escândalo.

A descoberta da nova cifra fez o dirigente subir o tom. Durante o encontro, ele garantiu que iria tirar toda a sujeira debaixo do tapete: “Nós estamos determinados a fazer o que for preciso para chegar até o fundo do que eu chamo de má gestão”, disse Olofsson, referindo-se ao período no qual a filial foi comandada pelo francês Jean Marc Pueyo.

O discurso duro se deve à importância estratégica do Brasil dentro da corporação. Os R$ 25,6 bilhões faturados aqui, em 2009, representam 11% das vendas globais da rede. Por conta disso, Olofsson descartou a possibilidade de venda da filial. Isso, porém, não foi o bastante para acalmar os investidores.

Um dia após a conferência, as ações da companhia chegaram a cair 8,35% na Bolsa de Valores de Paris. É que a perda no Brasil terá impacto direto no lucro do Carrefour. Procurada pela DINHEIRO, a Deloitte se limitou a enviar um comunicado no qual defende o trabalho feito por seus auditores.

ISTOÉ DINHEIRO
NEGÓCIOS Nº edição: 687
Por Rosenildo Gomes Ferreira

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